Anápolis na rota da indústria estratégica.

Criação de uma zona estratégica para projetos de defesa foi debatida na ACIA.
Ideia é aproveitar a logística já existente no Município e acelerar o processo.

Está praticamente definido que o Estado de Goiás terá a instalação de um sistema de segurança institucional que envolve desde projetos de inteligência, até indústria bélica, com a fabricação de veículos e equipamentos de defesa. E, este complexo tem tudo para ser implantado em Anápolis. A iniciativa, que já tem sinal verde do Ministério da Defesa, do Governo do Estado e da Prefeitura Municipal, deve avançar a partir de agora, assim que for aprovado o novo Plano Diretor do Município, ora em discussão na Câmara Municipal.

Este assunto foi debatido na noite de quarta-feira, 01 de junho, durante Reunião Ordinária de Diretoria da ACIA, Associação Comercial e Industrial, com a participação do Delegado Regional da ADESG (Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra), jornalista Gilberto Alves Marinho. Ele destacou que a ADESG é uma instituição apartidária e que se propõe a discutir temas de interesse nacional, oferecendo apoio, sugestões e participando, ativamente do processo desenvolvimentista do Brasil. Segundo ele, a ESG (Escola Superior de Guerra) tem uma longa folha de serviços prestados à Nação, com a preparação de líderes e a elaboração de programas estratégicos de crescimento e, por conta disso, possui respeitabilidade e credibilidade para esta participação.

Apoio oficial

Recentemente foi endereçado um ofício (número 365/16) do Governo do Estado ao, então, Ministro da Defesa, Aldo Rebelo, em que constam propostas e ideias para se instalar o sistema em Goiás e a preferência é Anápolis, tendo em vista a existência da Base Aérea, que já faz a segurança do espaço aéreo na região de Brasília; do Porto Seco; da Plataforma Multimodal e, principalmente do Aeroporto Internacional de Cargas. Adiantou que Goiânia já tem uma representação de elite do Exército Brasileiro, além de ser a segunda maior estrutura de reparos em aeronaves do Brasil. De acordo com ele, se forem computados reparos em aeronaves de médio e pequeno portes, Goiânia fica em primeiro lugar nacional e que, na região de Formosa funciona outro importante sistema de defesa. O Delegado da ADESG disse que o então, Ministro Aldo Rebelo se identificou e ficou entusiasmado com a ideia. O projeto global prevê a criação de cursos superiores específicos nas áreas de industrialização bélica, inteligência computadorizada, logística e outros procedimentos necessários. Além disso, o eixo econômico Brasília/Anápolis/Goiânia, de acordo com estudos estratégicos do Governo Federal, vai ser, em 30 anos, o segundo mais importante do País, ficando atrás, somente, do eixo Rio/São Paulo. Isto significa mais investimentos públicos e privados, melhoria na qualidade de vida e mais avanços educacionais para a região.

Este assunto, por sinal, vai ser tema de um amplo seminário previsto para acontecer em novembro e, até lá, os idealizadores pretendem ampliar a discussão a esse respeito. De acordo com Gilberto Alves Marinho, as lideranças de Anápolis precisam se mobilizar, tendo em vista que outros municípios de Goiás, também, estariam interessados em sediar o referido projeto.

Espaço físico

O projeto global, todavia, depende de algumas adaptações no Plano Diretor do Município. Vários vereadores, dentre eles Eli Rosa; Amilton Filho; Jakson Charles; Jean Carlos, Maria Geli e Lisieux Borges participaram do encontro e ouviram as exposições de motivos feitas pelo consultor Sóstenes Arruda, pelo Delegado Regional da ADESG, Gilberto Marinho e pelo Presidente da ACIA, empresário Anastácios Apostolos Dagios. Os parlamentares, inclusive, falaram a respeito do assunto e prometeram colaborar, ao máximo, para que as modificações pretendidas sejam incorporadas ao projeto ora em apreciação na Câmara Municipal.

Ocorre que algumas vertentes da proposta dependem de áreas específicas, com certas restrições, devido, principalmente, aos riscos que podem advir com o funcionamento de fábricas que se utilizam de material químico e, em alguns casos, de pólvora. Mas, de acordo com os idealizadores da proposta, indústria de segurança não se resume, apenas, à fabricação de armas e equipamentos. Para eles, a tecnologia, hoje, é largamente empregada neste setor e por conta disso, exigem-se altos investimentos na instalação de escolas, projetos informatizados e outros recursos já utilizados nos chamados países desenvolvidos.

 Desdobramentos

Durante a reunião, o representante da CODEGO (Companhia de Desenvolvimento do Estado de Goiás) Leonardo Jaime disse que o Governo de Goiás está vivamente interessado no projeto e que, no que depender da Administração Estadual, tudo será feito para que Anápolis seja escolhida para sediá-lo. Ele disse que outros municípios goianos estão investindo alto em tecnologia e citou o caso de Jataí, que deverá ser a primeira cidade no Brasil movida totalmente com energia solar, além de Palmeiras de Goiás, que está recebendo um grande projeto de indústria da aviação.

Outro orador da noite foi o arquiteto engenheiro Luiz Rosa, consultor do Ministério da Aeronáutica. Ele disse que a Força Aérea Brasileira, através do brigadeiro Alcides Teixeira Barbacovi (que já foi comandante da Base Aérea de Anápolis) confirmou os altos investimentos para o Município e tem vivo interesse em ocupar mais áreas com projetos de edificação, a criação de oficinas e hangares, além de outros equipamentos indispensáveis para seu programa de expansão. Na opinião do arquiteto, Anápolis precisa abraçar esta proposta, pois ela significa grande avanço tecnológico e econômico para médio prazo.

No encerramento da reunião, o Presidente Anastácios Apostolos Dagios disse que a ACIA vai acompanhar de perto, fazer gestões e buscar a viabilização deste projeto que considerou inovador, futurista e que dará a Anápolis um lugar de destaque entre as principais cidades brasileiras. Ele afirmou que os governos Municipal e Estadual precisam abraçar esta proposta e não medirem esforços para que ela se concretize o mais rapidamente possível.